A fronteira entre o bem e o mal: representações da Coreia do Norte nos dramas de TV do Sul

Desde o armistício da Guerra da Coreia em 1953, raras foram as vezes em que a Península Coreana esteve em tão grande destaque na mídia internacional quanto atualmente – seja pelo estado de tensão agravado pela intervenção política estadunidense do governo Trump ou pelo escândalo que culminou no impeachment da agora ex-presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye. Paralela a essa conjuntura política, a indústria cultural sul-coreana encontra-se em um momento de pujança e reflete o contexto apresentado acima de diferentes formas, sendo a música pop (o K-pop) e as produções audiovisuais (K-dramas e filmes) suas principais vertentes. Neste artigo, analisaremos dois dramas de TV1 lançados nos últimos anos que possuem representações2 bastante problemáticas da Coreia do Norte e das próprias lideranças políticas sul-coreanas, enquanto reconhecem nas instituições militares um reduto de decência e virtude. São eles Doctor Stranger3 (SBS, 2014) e Descendants of the Sun4 (KBS2, 2016).5

Antes de nos debruçarmos sobre as obras, consideramos importante introduzir o que se convencionou chamar de Hallyu, ou a Onda Coreana. Originalmente concebido pela imprensa de Pequim no final dos anos 1990, quando a China começou a sentir os efeitos da invasão cultural sul-coreana, Hallyu significa “fluxo da Coreia”. O termo abarca o intenso escoamento de produtos culturais provenientes da Coreia do Sul que tem conquistado grande popularidade primeiramente no Leste e Sudeste Asiáticos e, mais recentemente, nos países ocidentais. Tais produtos englobam filmes, música pop, dramas de TV, celebridades, videogames, gastronomia, turismo, moda e idioma (SHIM, 2006; RYOO, 2009). Esse fenômeno cultural contribui para o processo de descentralização do trânsito cultural global que é, em suma, estruturado do Ocidente para o Oriente, apresentando, então, uma nova alternativa de trânsito de influências (YANG, 2007; JIN; YOON, 2014). A Hallyu é consequência de um momento político e economicamente favorável para o levante e desenvolvimento da indústria criativa sul-coreana, que teve início no final da década de 1990, com o impacto da chegada da Crise Econômica Asiática. Hoje em dia, a Onda Coreana é sentida também aqui no Brasil: shows de K-pop vêm sendo realizados em terras tupiniquins desde 2011 e até a própria Netflix brasileira já reservou uma categoria de seu catálogo para as produções sul-coreanas, chamada de “Séries Coreanas”.

Essa influência é diretamente associada ao conceito de Soft Power que, segundo Nye (2004), é a habilidade de um corpo político em influenciar outro através de mecanismos culturais e ideológicos. Trata-se de uma estratégia política que visa influenciar a opinião pública a fim de fortalecer a diplomacia, conquistando empatia e credibilidade internacional através, neste caso, de recursos de cunho cultural. O conceito se posiciona de forma antônima ao conceito de Hard Power, onde há a imposição de interesses e influências através da força bruta e coerção. A Onda Coreana é um instrumento de Soft Power da Coreia do Sul que adere à imagem do país um teor pop e atraente para o cenário internacional. Assim, através de seus produtos de entretenimento, o pequeno país asiático consegue propagar seus valores culturais e ideologia política.

Nesse sentido, destacamos os dois k-dramas supracitados porque os consideramos emblemáticos por possuírem, em suas tramas, personagens norte-coreanos e, no caso de Doctor Stranger, sequências inteiras ambientadas em Pyongyang, capital do Norte. Ambos os dramas foram realizados com cerca de dois anos de diferença por produtoras diferentes e exibidos em canais distintos no país de origem, mas o que chamou nossa atenção foi a semelhança na forma de representação da Coreia do Norte e a maneira como os personagens sul-coreanos lidam com seus vizinhos. Outro ponto em comum é que ambos os dramas envolvem a temática médica, seguindo o gênero de séries norte-americanas como Plantão Médico (1994-2009), Dr. House (2004-2012) e Grey’s Anatomy (2005-), com várias cenas de cirurgias e discussões éticas em torno da profissão.

A narrativa de Doctor Stranger começa em 1994 e a primeira fala que ouvimos é de um repórter na TV informando que “A tensão na península coreana, devido à retirada da Coreia do Norte do Tratado de Não-Proliferação Nuclear, continua a crescer, com o líder norte-coreano, Kim Il Sung, desaparecido por dezenas de dias.” Uma criança entra em quadro e aperta o botão para mudar de canal no televisor, sintonizando em um programa infantil. O menino canta e dança acompanhando a música e caminha pela sala de seu apartamento, até encontrar um documento sobre a mesa: “Processo judicial: requerente, Park Chul. Réu, Hospital Myeong Woo.” Seu pai imediatamente interrompe-o, tira o documento de suas mãos e sai da sala sem responder à pergunta do filho: “O que é um processo judicial, pai?”. A criança é Park Hoon (na fase infantil interpretado por Goo Seung-hyun e, posteriormente, por Lee Jong Suk), o protagonista deste drama. Seu pai, Park Chul (interpretado por Kim Sang Joong) acaba se envolvendo em uma intrincada trama política que começa com o processo judicial visto por Hoon, mas que perpassa diversos outros personagens com motivações misteriosas, resultando no envio deles dois (pai e filho) para a Coreia do Norte, onde Park Chul fará uma cirurgia de alto risco no então chefe de Estado. A operação é bem-sucedida mas eles não conseguem voltar para o Sul, são vítimas de uma traição, quase são assassinados, mas conseguem se salvar e ficam morando no Norte. Passa-se um tempo, Park Hoon já é um jovem e talentoso médico apaixonado por Song Jae Hee (interpretada por Jin Se Yeon). Os amantes são separados pelas forças autoritárias da Coreia do Norte e Jae Hee é tida como morta. Park Hoon, no entanto, sente que ela ainda está viva e, um dia, anos depois, quando ele já está de volta ao Sul vivendo uma rotina simples e trabalhando como entregador de água, Hoon encontra Han Seung Hee, uma médica que é idêntica à sua amada.

 A misteriosa doutora Han Seung-hee (identidade falsa de Song Jae Hee), interpretada por Jin Se-yeon

A misteriosa doutora Han Seung-hee (identidade falsa de Song Jae Hee), interpretada por Jin Se-yeon

No desenrolar do drama, descobrimos que Jae Hee é parte de um plano maior e pode ser uma espiã norte-coreana em território sulista. Sua verdadeira identidade é mantida sob sigilo e, até os últimos episódios, o espectador é induzido a duvidar se ela é ou não a verdadeira Jae Hee, se ela está a serviço de uma missão ou se está tentando ajudar Park Hoon. Ela remete às personagens espiãs nortistas identificadas por Sunah Kim (2007, p. 311) nos filmes Shiri (1999) e The Hand of Destiny (1954), que contam com “uma espiã do Norte e focam em seus conflitos internos entre o romance e a ideologia.” Outro personagem marcante é Cha Jin Soo (interpretado por Park Hae-joon), espião norte-coreano onisciente e quase sobrenatural que aparece e desaparece dos lugares, movido por vingança e por devoção a sua pátria, custe o que custar. Veremos, mais adiante, detalhes da caracterização de Cha Jin Soo.

De uma maneira geral, é significativo o quanto a atmosfera da Coreia do Norte é negativizada nesse drama. Desde os dois primeiros episódios, ambientados em grande parte em Pyongyang, há uma ênfase na precariedade, miséria, autoritarismo e violência. Ao longo de toda a narrativa, ir para o Norte é considerado algo tenebroso, o pior castigo que alguém poderia receber. A Coreia do Norte é representada como um grande inimigo que deve ser combatido e também evitado, construção esta que também se reflete com a presença do personagem Park Hoon de volta ao seu país de origem. Após a fuga do Norte, Hoon começa a trabalhar em um hospital em Seul, e, mesmo depois de provar sua exímia habilidade, seus colegas o olham com desdém e preocupação, deixando claro que subestimam a capacidade dele como médico por ter se formado em Pyongyang. Várias vezes os personagens apontam como nenhum paciente iria confiar em um médico norte-coreano refugiado e como ele pode ser um espião em uma missão do Norte no Sul.

Em "Doctor Stranger", uma fila de pacientes espera para ser atendida em um precário posto de saúde norte-coreano, com Park Hoon e seu pai, Park Chul, ao fundo.

Em “Doctor Stranger”, uma fila de pacientes espera para ser atendida em um precário posto de saúde norte-coreano, com Park Hoon e seu pai, Park Chul, ao fundo.

Já em Descendants of the Sun, a cena de abertura se passa na Zona Desmilitarizada, fronteira entre as duas Coreias. Soldados do Norte capturam dois soldados do Sul e os mantém como reféns para provocar uma reação com o intenção de quebrar o acordo de cessar-fogo. É explicado por um dos personagens que representa a alta patente militar que, na Zona Desmilitarizada, o lado que atirar primeiro viola o armistício, dando início novamente à Guerra. Os soldados Yoo Shi Jin (interpretado por Song Joong Ki) e Seo Dae Young (Jin Goo), das forças especiais Alfa da Coreia do Sul, são enviados para o resgate desarmados, já que era uma área desmilitarizada e esperavam resolver a circunstância de modo pacífico. Porém, apenas após uma intensa luta corpo a corpo, Shi Jin consegue travar um diálogo com o nortista An Jeong Joon (interpretado por Ji Seung Hyun):

An: Se os sul-coreanos se importam tanto com a política correta, você não poderia atirar primeiro. Nós, a República, somos diferentes.
Yoo: Já faz 70 anos desde a divisão e ainda há mal-entendidos. Se é para proteger a paz em nosso país, nosso exército atira. Quando for… onde for. Não vamos mais cometer erros. Não interfiro quando um inimigo erra.
An: Não posso vir como guerreiro e voltar como morto.

Após o diálogo, Jeong Joon aceita entregar os soldados sulistas para o resgate e a missão é encerrada. Essa cena de abertura situa os norte-coreanos como aqueles que provocam os conflitos e são inferiores no combate, enquanto o Sul, “superior”, promove a paz. Passamos, então, a acompanhar Shi Jin e Dae Young durante o desenvolvimento da narrativa e, vários episódios depois, já no 13º, An Jeong Joon reaparece, agora como Tenente An. A princípio, ele está trabalhando em Pyongyang na segurança de um encontro entre lideranças políticas das duas Coreias, assim como Shi Jin, cada um a serviço de sua pátria.

Os dois soldados se reconhecem do incidente na Zona Desmilitarizada e desenvolvem uma relação amistosa. O Tenente An diz: “Considere-se sortudo que estamos aqui como convidados. Para nós soldados, olhar na mesma direção é uma trégua e paz”. Shi Jin, então, se convida para comer um macarrão tradicional norte-coreano no almoço. Corta para as equipes dos dois países sentados às mesas próximas uma da outra em um restaurante. Shi Jin e Jeong Joon conversam, discretamente, indicando que mantiveram algum tipo de relação afetiva. O sulista agradece e diz que fará o macarrão do Sul para ele na próxima conferência, mas o nortista responde que haverá outra equipe nesta ocasião, dando a entender que ele não irá ao Sul. Mais à frente, na transição do episódio 13 para o 14, Jeong Joon reaparece novamente, desta vez em Seul. Ele está vestido de preto e pede ajuda dos soldados sulistas: “Por favor, me mande para o Norte.” De repente, ele é baleado, surge uma van com atiradores mascarados e começa um grande tiroteio, no qual Shi Jin e Jeong Joon ficam feridos. A polícia do Sul consegue interromper o confronto, os feridos são levados para o hospital e os atiradores são identificados como policiais armados da Embaixada da Matovonia, um país fictício associado à Rússia. No hospital, Jeong Joon resiste em ser atendido e diz: “Como posso confiar em médicas sul-coreanas? Há garantias que sobreviverei na sala de operação?” (o que nos remete às questões levantadas em Doctor Stranger, só que invertidas). Ele desmaia, é operado e, durante a cirurgia, encontra-se um cartão SD inserido e costurado sob sua pele. Ao despertar, Jeong Joon é interrogado pela inteligência sulista, mas se recusa a falar. Ou seja, a reaparição do personagem norte-coreano traz consigo toda uma trama de mistérios, espionagem, segredos, tiros, homens mascarados, documentos falsos e um chip encriptado com informações altamente confidenciais. Embora ele afirme, a todo momento, que seu desejo é voltar para o Norte, acaba sofrendo uma emboscada preparada por seu superior, que se sente ameaçado pelas informações que o Tenente An poderia revelar. No fim das contas, An acaba se aliando a Song e, junto com as forças especiais do Sul, capturam o Choi Ji Ho (Lee Jae Yong).

Além de perturbar a ordem do Sul com suas aparições, a caracterização dos espiões norte-coreanos é obscura, eles possuem corpos cheios de marcas: Cha Jin Soon tem um dedo mutilado e cicatrizes no rosto, Tenente An possui cortes e manchas na face. Essa representação contribui para a construção de um imaginário do Norte associado à violência, os personagens são sobreviventes. Outra característica em comum a estes personagens é sua devoção à pátria. Jin Soon sempre menciona a fidelidade ao seu país ao longo da série, mas a cena mais emblemática é sua morte no episódio final. Ele está deitado no chão, filmado de cima por uma câmera em plongée zenital que sobe em direção ao céu enquanto o personagem fala suas últimas palavras: “Viva a República Popular Democrática da Coreia”.

Cha Jin Soon, de “Doctor Stranger”

Cha Jin Soon, de “Doctor Stranger”

As questões éticas a respeito da rivalidade entre as nações se materializam nos ambientes dos hospitais de diversas formas. Em Descendants of the Sun, há uma cena curiosa em que um grupo de médicos conversa sobre o ocorrido com o Tenente An e uma das moças questiona: “Mas eu posso tratar uma pessoa da Coreia do Norte?”. Eles chegam à conclusão de que sim, por terem feito um juramento no qual devem cuidar de feridos, independente da nacionalidade, mas essa médica insiste, dizendo ter medo. Em seguida, outra médica aproxima-se, irritada, segurando o celular e dizendo: “Sempre que leio a parte de política, falo palavrões”. Nesse breve trecho, vemos dois elementos problemáticos colocados de uma maneira quase trivial: tanto a descrença com a política nacional quanto o preconceito com os vizinhos nortistas. No drama analisado aqui, o preconceito é um pouco mais complexificado: o protagonista nascido no Sul é visto com desconfiança em seu país devido à formação que teve em uma universidade do Norte. Contudo, ele é excepcional e superdotado, um dos melhores cirurgiões torácicos na península coreana e quiçá do mundo inteiro, já que é indicado para operar pacientes de outros continentes e rapidamente conquista a confiança de seus novos colegas de trabalho.

Representação negativa existe, também, nas lideranças democráticas do Sul, especialmente em Doctor Stranger. Desde o início, sabemos que o primeiro-ministro Jang é ambicioso, egoísta, unicamente interessado no poder, um vilão clássico. Ele é capaz de mandar matar quem atravessar seu caminho e ameaçar comprometer seus planos maquiavélicos, que envolvem um golpe no presidente: juntamente com Oh Joon Gyu (interpretado por Jeon Guk Hwan), o presidente do hospital Myeongwoo, ele articula uma maneira de deixar Hang Chan Sung (Kim Yong Geon), o presidente da República, em coma por tempo indeterminado após uma cirurgia. Caso bem sucedido, o primeiro-ministro Jang assumirá como presidente interino e poderá exercer seu projeto de poder. Os heróis Park Hoon e Jae Hee descobrem o plano, contam todos os detalhes para o presidente sul-coreano e prometem salvar sua vida na mesa de cirurgia – em troca, pedem-lhe apenas proteção. O presidente concorda. Depois que a operação é concluída conforme o combinado, o primeiro-ministro vilão é pego em flagrante à moda Scooby-doo, contando todo o seu plano para o presidente que acreditava estar em coma mas estava apenas fingindo dormir. Tudo parece estar a salvo, mas o presidente surpreende os mocinhos e não cumpre sua promessa de proteção, deixando-os nas mãos do perigoso vilão. O presidente se justifica: “O que é um político? Ontem um amigo, hoje um inimigo. O inimigo de um dia, poderá ser o amigo de amanhã. (…) Ser recompensado por fazer algo errado e ser penalizado por fazer algo certo é tudo parte da política, não acha?”. No fim do k-drama, todas as instâncias da política democrática sul-coreana são traiçoeiras e buscam apenas o poder. Se, em Doctor Stranger, os vilões são os políticos, em Descendants of the Sun, os dois mocinhos são soldados.

Partindo do fato que o país ainda se encontra em conflito, já que a Guerra da Coreia se mantém declarada, porém em cessar-fogo, se dedicar à missão de proteger a pátria é visto por grande parte da população como uma honra.6 Em Descendants of the Sun, os protagonistas são soldados que demonstram perfeito caráter e lealdade, retratando o orgulho patriótico e a confiança que a sociedade ainda tem por essa instituição nacional. Para além da construção narrativa reforçando as qualidades éticas, há um fascínio da câmera pelos seus corpos: eles são evidenciados com frequência em cenas de intimidade ou de exercício físico, geralmente seminus, e há diversas sequências que dialogam com o gênero dos filmes de ação, dedicadas principalmente a enaltecer suas habilidades e seu vigor. Um dado interessante, nesse sentido, é que o ator principal começou a trabalhar no projeto imediatamente depois de seu retorno do serviço militar, o que conferiu maior sensação de realismo e veracidade à sua performance no drama.7

Tais interseções são sintomáticas para percebermos o quão explicitamente os produtos da indústria cultural sul-coreana são atravessados pelo cenário político do país. A violência de ter seu território brutalmente dividido segundo interesses político-econômicos externos até hoje afeta o cotidiano e a sensibilidade dos coreanos, assim como a descrença nas instituições democráticas, fragilmente construídas após momentos históricos extremamente traumáticos.8 E a Hallyu faz sua parte em circular internacionalmente um imaginário heróico do país, posicionando-o favoravelmente no cenário global e reafirmando a configuração da Guerra.

Notas:
“Dramas de TV é um termo genérico que designa o formato televisivo que abrange as ficções seriadas produzidas pelas indústrias televisivas oriundas, principalmente, do Leste e Sudeste Asiático. Diferente do contexto ocidental, o termo não aponta o gênero, mas sim o formato.” (CORTEZ, MAZUR, VINCO, 2014)
Neste artigo, estamos chamando de “representações” as construções ficcionais que visam se assemelhar a elementos do mundo real, seguindo uma lógica de mimese. Ou seja, não se trata de pensar a representação enquanto inscrição de elementos concretos do real em um filme (como no documentário), mas verificar de que maneiras os personagens e cenários são construídos para se assemelharem a uma realidade que está fora de seu processo de produção – não foram contratados atores norte-coreanos nem foram gravadas cenas no território desse país.
No original, “닥터 이방인”.
No original, “태양의 후예”.
Ambos os dramas foram assistidos através do site de streaming Drama Fever, por essa razão, todos os diálogos transcritos para este presente artigo são de tradução do site.
O militarismo é parte do cotidiano da sociedade sul-coreana. O serviço militar, durante o período de aproximadamente dois anos, é obrigatório para todos os homens entre as idades de 18 e 35 anos e é louvável como um sinal de patriotismo. É comum ver militares fardados nas ruas, mesmo durante seus momentos de descanso, desfilando com orgulho seus uniformes.
Na época do lançamento, houve uma ampla cobertura do retorno de Song Joong Ki do serviço militar, algo que é costumeiro na indústria pop coreana mas que, neste caso, ganhou maior visibilidade devido às semelhanças entre a vida pessoal deste ator e o seu novo personagem. Para mais informações, ver All Kpop, Drama Fever.
Nesse sentido, referimo-nos à ocupação japonesa (1910-1945), à Guerra da Coreia (1950-1953) e ao período ditatorial (1961-1987). Para uma leitura aprofundada sobre a construção democrática da Coreia do Sul, recomendamos a leitura do capítulo “South Korea: The Final Hurdle for Democracy” no livro “Political Change and Consolidation: Democracy’s Rocky Road in Thailand, Indonesia, South Korea, and Malaysia” de Amy L. Freedman (2006).

Referências bibliográficas:

CORTEZ, Krystal; MAZUR, Daniela; VINCO, Alessandra. Fãs, Mediação e Cultura Midiática: Dramas Asiáticos no Brasil. In: Jornada Internacional Geminis: Entretenimento Transmídia, 1, 2014. São Carlos. Anais… São Carlos (SP): UFSCar, 2014. Disponível em: <www.geminis.ufscar.br/jig/anais>
JIN, Dal Yong; YOON, Kyong. The social mediascape of transnational Korean pop culture: Hallyu 2.0 as spreadable media practice. New Media Society, 1–16. 2014.
KIM, Sunah. National Cinema-Who Is It For?:The History and Context of the Korean Cinema. In: Korean Cinema : from Origins to Renaissance. Org: Kim Mee Hyun. Seul: KOFIC, 2007. Disponível em:  <http://www.koreanfilm.or.kr/jsp/publications/history.jsp#sthash.Cq0BfDup.dpuf>
MARANHÃO, Maíra S. Blockbusters – Chave do cinema sul-coreano e sua importância para a retomada da indústria cinematográfica no país. Trabalho de conclusão de curso de Bacharelado em Comunicação Social – Cinema, na Universidade Federal Fluminense (Orientador: Maurício Bragança). Niterói, 2011.
NYE, Joseph. Soft Power: the means to success in world politics. New York: Public Affaris, 2004.
RYOO, Woongjae. Globalization, or the logic of cultural hybridization: the case of the Korean Wave. Asian Journal of Communication, 19: 2, 137-151. 2009.
SHIM, Doobo. Hybridity and the rise of Korean popular culture in Asia. Media Culture Society, 28: 25, 25-44. 2006.
YANG, Jonghoe. Globalization, nationalism, and regionalization: the case of Korean popular culture. Development and Society, 36: 2, 177-199. 2007.
Por Daniela Mazur e Vitor Medeiros