Renata Corrêa começou sua trajetória como roteirista na MTV, na redação dos programas 15 Minutos (2008-2010), Comédia MTV (2010-2012) e Furo MTV (2009-2013). Seus trabalhos mais recentes incluem as comédias de viés político Greg News (2017-), uma “comedy news” com Gregório Duvivier no canal HBO, e Tá No Ar (2014-), com Marcelo Adnet, na TV Globo. Trabalhando majoritariamente com televisão, Renata também escreve séries de drama mas até hoje sente mais afinidade com o humor. Para ela, “o humor tem principalmente essa agudeza de olhar. De olhar para a sociedade. Agudeza de olhar para o que tá acontecendo e quase virar essa perspectiva.”
Alice Name-Bomtempo: Como foi a sua aproximação com o audiovisual e especificamente o roteiro?
Renata Corrêa: Eu escrevia desde antes de escrever roteiro, mas meu interesse era mais por literatura. Na verdade, não sei se era mais interesse por literatura ou se era por não saber que existia a possibilidade de escrever pro audiovisual. Eu fui criada no subúrbio carioca por avó noveleira e por uma família de mulheres que acompanhavam essa dramaturgia, então eu fui criada pela televisão. As duas coisas que eu gostava mais de fazer era ler livro e ver novela. Então como escrever novela parecia algo impossível, eu me aproximei da literatura. Aí, quando eu entrei na faculdade pra fazer cinema, eu fui fazer produção, porque não tinha muito espaço pra roteiro. A figura do roteirista que a gente conhecia era uma coisa mais de TV. Aí eu escrevi alguns curtas na faculdade e tiveram dois momentos de mudança real. Um foi quando eu me mudei pra São Paulo e trabalhei pra MTV como produtora. E, nesse período, uma diretora de núcleo chamada Lilian Amarante tava implementando um núcleo de humor na MTV, e eu pedi pra ela me deixar escrever. A MTV era um ambiente muito livre, você podia transitar entre os cargos, dentro das equipes, os chefes eram muito abertos. Então ela deixou que eu começasse a escrever o 15 Minutos, do Marcelo Adnet. Depois disso escrevi mais algumas coisas no canal. Quando eu saí de lá, eu fui trabalhar na TV SESC, pra ganhar grana mesmo, porque o que eu queria era escrever. Tava botando alguns longas em edital, mas não tava rolando. Aí, na TV SESC eu comecei a fazer um programa de televisão chamado Sala de Cinema (2011, Luiz R. Cabral) onde eu entrevistava grandes nomes do cinema. Numa dessas eu me aproximei do Paulo Halm, que é um grande roteirista. E comecei a fazer assistência pra ele. E foi aí que eu acho que eu peguei a mão mesmo, porque o Paulo é um mestre. Ele tem a coisa do ensinar muito dentro dele. Então eu peguei mão de dramaturgia, mão de escrever história pro audiovisual com ele. E ele foi muito generoso, sempre me indicava para as produtoras e pros diretores.
Alice: E interesse pelo humor, você também sempre teve?
Renata: Hoje, eu acho que não teria outro caminho para seguir, mas dentro da faculdade de cinema eu tinha uma pretensão quase de Bergman, sabe. Eu queria fazer os filmes mais cabeçudos, climáticos. E o primeiro curta que eu escrevi é assim, queria que todos os filmes fossem filmados em película, odiava digital. Mas quando a gente é jovem a gente se auto conhece muito pouco. Eu escrevo drama também, já fui chefe de salas de roteiro de dramaturgia de ficção de drama, e adoro construir uma história. Mas o humor vem mais fácil para mim. Eu acho que é meio a lente pela qual você vê o mundo. Mas quando eu tive essa primeira experiência de escrever humor na MTV foi totalmente randômico. Inclusive, antes d’eu me mudar pra São Paulo, eu também passei muito tempo escrevendo roteiros de institucionais internos para grandes empresas, roteiro de game de e-learning, no início dessa gamificação da internet. Cheguei a escrever roteiro para ensinar funcionários do Bradesco a fazer uma nova operação de coisa de cheque. Eu odiava, porém te dá o traquejo da profissão, do prazo, de saber ler um briefing, aprender a escrever para alguém que vai fazer outra coisa. Porque a literatura é muito interna, você meio que faz o que você quiser. Já o roteiro é um documento. Sim, é arte também. Mas, antes de tudo, é um documento para uma outra pessoa usar.
Alice: Você falou que pra você o humor vem mais fácil. Mas de onde vem a sua construção de humor?
Renata: Eu venho de uma formação audiovisual totalmente de TV aberta. Eu tenho esse lado da minha mãe, todo erudito, livro pra caralho, mas a minha formação de humor é totalmente TV aberta. Então eu chegava da escola e via Escolinha do Professor Raimundo (1957-2001, Chico Anysio), Casseta & Planeta: Urgente! (1992-2010, Grupo Casseta & Planeta), A Praça É Nossa… (1987-, Manuel de Nóbrega e Carlos Alberto de Nóbrega) Esse humor bem popular bobo que eu gostava e gosto muito até hoje. Eu acho engraçado de verdade. Óbvio que os tempos mudam, o alvo do humor é outro, mas vem muito desse lugar. Eu era amiga do jornaleiro quando criança pra poder ler as revistinhas da Turma da Mônica (1970-, Maurício de Souza), que também tem um humor muito legal. Então a primeira coisa que vem é essa coisa muito popular, da bobeira e da zoação. Aí um pouco mais velha quando chegou a TV a cabo e eu comecei a ver as séries gringas tipo Seinfeld (1989 – 1998, Larry David e Jerry Seinfield) e tal, as coisas meio que juntaram e fizeram sentido pra mim. Tipo “caralho, dá pra você ser bobo e esperto ao mesmo tempo.” “Dá pra você ter um olhar agudo sobre as coisas que acontecem e isso ser engraçado.” Eu já conversei com vários humoristas e roteiristas sobre isso e eu tenho uma amiga que fala que o humor dela é meio “eu não entendo a humanidade, eu olho pra humanidade e penso: por que que essas coisas acontecem?”. Já o meu é num lugar de quase uma raivinha assim – é um “por que essas coisas acontecem?”, mas é um “por que” mais “caralho, por que que isso CONTINUA acontecendo?”. Por que a gente ainda tem tanta desigualdade, tanta violência, um monte de coisa escrota na sociedade? E por que que a gente, ao invés de ter medo, ao invés de xingar, ao invés de se encolher, a gente não zoa essas pessoas? Mais que pessoas, esses comportamentos. Então acho que tudo muda para um autor. Eu não sou a autora que eu era há 5 ou 10 anos atrás, e graças a Deus não vou ser a mesma daqui a 10 anos, mas agora eu tô nesse momento de muita observação pela sociedade e de tudo me espantar muito.
Alice: Então você acredita que o humor tem essa potência.
Renata: O humor tem muitas potências. Potências muito destrutivas… você pode destruir uma pessoa de maneira muito leviana e isso ser engraçado. É uma merda, mas é verdade, isso acontece. Mas eu acho que no geral o humor tem principalmente essa agudeza de olhar. De olhar para a sociedade. Agudeza de olhar para o que tá acontecendo e quase virar essa perspectiva. Você pode olhar aquilo com muita seriedade, com muita neutralidade, com muita análise, espanto e tudo isso pode ser uma visão de humor.
Alice: Você comentou que teve uma infância de muita TV aberta, e é interessante porque você escreve pro Gregório Duvivier na HBO que é “TV de Qualidade” e pro Marcelo Adnet na Globo que é a maior rede aberta brasileira. Como é o processo de pensar e escrever para esses dois públicos tão diferentes?
Renata: O Tá No Ar, do Adnet, ele tá na TV aberta, ele tá no horário nobre, mas ele é muito sofisticado. Um dos programas mais sofisticados que eu já participei. Mas voltamos a ele depois. O Greg News é um Comedy News. Você tá comentando as notícias quentes daquele período. Nem necessariamente quente, na verdade, o objetivo dele é se aprofundar num assunto. E é uma redação com uma sofisticação muito grande, porque a gente tem três jornalistas muito talentosos e eles fazem verdadeiros dossiês sobre o assunto da semana e vão para a redação de humor. Então a gente tá muito munido de informação. O humor entra ali como forma de detonar e destroçar as coisas que a gente acredita que sejam destrutivas. O primeiro programa do Greg News foi sobre Odebrecht, olha que tema espinhoso. Imagina como fazer um programa de humor sobre isso. Então todos os redatores têm que estar muito ligados no que tá acontecendo. É uma redação que cansa. Porque a gente fica a semana inteira, chega de manhã, sai tarde… é quase uma redação de hard news, de maníaco por jornalismo mesmo. E você tem que ter muito cuidado. Se a piada for muito maravilhosa, mas der uma dupla leitura, ou se fizer o espectador perder uma informação relevante, não pode fazer. Porque esse programa é também para informar as pessoas. Então é o humor a serviço do jornalismo e o jornalismo a serviço do humor. É um equilíbrio bem delicado. E esse texto vai sendo mudado até minutos antes de gravar. E o Greg tá com a gente na redação, e a redação vai pro set. É uma simbiose entre jornalismo e humor. No caso do Tá No Ar, é uma equipe grande, são dez ou onze redatores. E é um programa muito político e ele fez coisas muito legais, tipo o Branco no Brasil, que foi até antes d’eu entrar na redação. Esse era uma propaganda falando sobre racismo e criticando até o programa, que é feito majoritariamente por pessoas brancas. Então tem uma coragem no Tá No Ar que é muito politizada e muito importante. Mas ele tem uma leveza também, ele aponta comportamento. Ele fala de homofobia e desigualdade de gênero, por exemplo. É um programa muito conectado nos assuntos que tão acontecendo agora, não necessariamente quentes, mas os que estão acontecendo agora. São esses onze redatores dando ideia, e com muita tranquilidade pra vir merda também, porque o humor tem disso. Vem merda. Vem humor velho, vem coisa que só não é engraçada. Vem um trocadilho que não funciona. Mas dentro daquilo ali vai ter alguma coisa brilhante que a gente vai conseguir trabalhar. E lá não existe a ideia do redator tal. Porque você distribui. Todas as ideias das reuniões semanais vão para uma grande listagem, que se transforma numa escaleta, e depois vão para outra reunião que vai redistribuir quem vai escrever. E não necessariamente eu vou escrever a ideia que eu dei, e depois tudo ainda passa por uma redação final do Marcius Melhem que é um cara muito engraçado e com muita sensibilidade pros movimentos que a sociedade faz. Aí vira uma redação coletiva mesmo. Às vezes, eu tenho essa coisa mais “raivosinha”, entro de sola numa coisa de gênero, de feminismo, que são coisas que eu gosto de escrever, e aí vem outro redator e fala “cara isso aqui poderia ficar muito mais engraçado se ficasse um pouco mais bobo nesse lugar”. O lance é: a risada é quase um choque do seu cérebro. São informações conflitantes, ou informações que você nunca imaginou que iam entrar em contato, e que entraram. E isso é neurológico mesmo, dá um tilt ali e você ri. E isso é construído desde que você é um bebê, das referências que você tem de como funciona o mundo, do seu olhar para as coisas que acontecem. Então todo seu background vai chegar nisso e você vai dar risada por conta de um determinado assunto. Alguém pegou a referência x e a referência y, chocou essas duas coisas, e o seu cérebro fala “caraca, que legal!” e a risada vem. E às vezes não adianta uma puta crítica numa esquete ou numa cena se ela não fizer rir, porque a ideia é essa. Eu quero esse tilt. Às vezes, tem uma redação minha que tá mais aguda, mais grossa, aí vem outro redator e coloca em cima uma coisa que é mais leve e isso potencializa o efeito da seriedade. Porque a pessoa vai rir mais. E o contrário também acontece. Uma coisa que é uma piadoca cresce e a gente vê dentro da redação que aquilo tem um potencial de olhar para a sociedade de um jeito mais atento.
Alice: Os dois programas e humoristas têm um viés político muito forte. Você até já falou um pouco, mas queria que você comentasse mais sobre os processos e cuidados ao fazer um humor político. E até a diferença entre fazê-lo com o Gregório e o Adnet.
Renata: Se a gente for parar pra pensar, o Greg News é um programa político mais clássico. O tema dele é a macropolítica. Então de algum jeito você se assumir totalmente político te dá uma liberdade de transitar pelas coisas mais facilmente. E também porque o Greg é uma persona pública posicionada politicamente. Ele escreve no jornal sobre isso, fala publicamente sobre as opiniões dele, da militância dele.
Alice: Então tem esse norte da militância dele.
Renata: Na verdade não. Tem coisas que ele só descobriu ou só entendeu no processo do programa, como todos nós redatores, como a direção. É um processo de aprendizado. A gente tem que entender que hoje a gente vive num mundo muito polarizado, mas a política é um processo de aprendizagem também. A macropolítica tem disso. E fazer piada com a macropolítica é muito legal porque a gente pode bater de baixo pra cima sem medo de ser feliz. A gente tá batendo na multinacional, no agronegócio, no congresso. Então é uma coisa que a maioria das pessoas pode se identificar. Porque você, como cidadão, tá embaixo de alguma maneira e grandes instituições tão em cima de alguma maneira. É um movimento mais claro.
Alice: E a política no Tá No Ar?
Renata: Pois é, a questão comportamental e de sociedade no Tá No Ar já é um terreno mais pantanoso. Tem que ter muito muito cuidado. Pra ser engraçado, óbvio, porque a primeira coisa é ser engraçado, mas saber onde a gente tá localizando a nossa crítica, saber ser muito preciso e pontual. E acho que isso funciona muito no programa. Mas também, são onze pessoas discutindo isso exaustivamente todos os dias. Não tem como a gente não ter essa agudeza.
Alice: “Mais pantanoso” por quê?
Renata: O Branco no Brasil é um bom exemplo. Porque é um musical falando de racismo e falando sobre como os próprios brancos são coniventes com o racismo. E isso exige um nível de debate que é muito grande. É pensar em lugar de fala, em quem tá escrevendo esse programa, quem tava nesse programa, é difícil de fazer. Até você localizar onde tá a crítica e em quem você quer bater e de quem você quer rir.
Alice: Pensando naquilo de humor “bobo e popular” e humor “refinado”: essas são coisas que costumam ser vistas como dicotômicas. E fala-se muito que o humor popular de TV aberta é ruim mas ao mesmo tempo faz sucesso. Aí vem a discussão sobre se é ruim porque é o que “o povo gosta” ou se “o povo gosta” porque é o que é exibido.
Renata: Eu acho meio improdutivo a gente ficar falando de “humor sofisticado” e “humor popular”. Existem coisas que fazem mais sucesso, outras que fazem menos sucesso. Existe também o humor de nicho. Se a gente for ver, sei lá, o Nanette (2018, Hannah Gadsby), que foi um estouro no Netflix agora. É uma lésbica da Nova Zelândia que fez. É maravilhoso, e não é para todo mundo. Mas vai dizer que não é um sucesso também? Eu acho complicado entrar nessa seara. Eu acho o Paulo Gustavo brilhante. Ele pode falar uma receita de bolo que eu vou tá rindo. E ele é muito popular. E tem coisas que tentam essa fórmula do popular e não fazem sucesso, que não atingem a grande gama de público que quer atingir. A gente vê no cinema por exemplo: Os Farofeiros (2018, Roberto Santucci) fez bastante sucesso, mas outros filmes que tiveram a mesma pretensão de humor popular, fizeram água. Então acho que é uma falsa dicotomia. Não existe uma fórmula óbvia de humor popular.
Alice: Atualmente, a gente tem uma discussão sobre representação, representatividade e discurso cada vez mais presente no audiovisual e nas artes, e eu tenho a impressão de que o humor tá no centro dessa discussão. Tanto no sentido do “humor velho” ser criticado e ter que se repensar, quanto no de novos nomes surgindo e propondo novas formas de fazer humor.
Renata: Falando da minha experiência como roteirista em geral. O Brasil ainda é um país muito desigual, como sabemos em todas as áreas, mas se a gente for parar pra pensar no mercado do entretenimento… uma amiga negra minha me ensinou algo brilhante que é o “teste do pescoço”. Você entra num ambiente e você vira o seu pescoço e conta quantas pessoas negras têm no ambiente. Então eu posso dizer duas coisas sobre a representatividade. A primeira é: quem está em espaços de poder, seja de contratação, seja de destaque dialógico, de qualquer coisa, se tiver alguma real empatia e preocupação com igualdade, vai ter que em algum momento abrir mão de um espaço para ceder pras pessoas que não ocupam esse espaço historicamente. Mulheres, pessoas negras, pessoas LGBT, não ocupam historicamente o espaço da criação. Não à toa, o espaço da criação é um espaço conservador em muitos lugares, porque a cultura é um espaço de conservação de poder se a gente não estiver batendo no status quo. Representatividade não é só você escrever um personagem de uma minoria. É você saber que essas minorias não precisam da sua tutela, elas podem escrever muito bem sozinhas e escrever muito melhor do que você. A segunda coisa é que não é uma caridade, tá longe de ser uma caridade. Se a gente fosse um mercado mais maduro, a gente saberia que a representatividade é uma questão de mercado e de grana. A gente vê séries como Atlanta (2016-; Donald Glover), como Insecure (2016-; Issa Rae e Larry Wilmore), como Pose (2018-; Steven Canals, Brad Falchuk e Ryan Murphy). E até séries do início dos anos 2000, como The L Word (2004-2009; Michele Abbot, Ilene Chaiken e Kathy Greenberg). Existem nichos de mercado, existem pessoas que querem se ver na tela, e você tá simplesmente negando a esse público se ver na tela. E naturalmente esse público vai migrar para outras mídias e voltar a sua atenção para coisas que lhes interessem e lhes representem. Então é uma questão mercadológica também. Você saber que esses produtos podem ser muito bons, muito relevantes culturalmente e podem trazer mais audiência, mais relevância, mais prêmios, mais notoriedade, um monte de coisa. Então por que que o mercado brasileiro não amadurece nesse nível?
Alice: Hoje, com internet, YouTube, aplicativos, serviços de streaming, existem muitas possibilidades de formato. Acho que o humor também tá muito no cerne disso.
Renata: O humor é um formato versátil desde que o mundo é mundo. Quando eu era criança, meu avô tinha um disquinho do Ary Toledo. Tinha o programa de humor na rádio, e na banca de jornal você comprava disquinho pra ouvir piada e revistinha para aprender a contar piada no bar. Então eu acho que onde tiver um veículo o humor vai entrar. Porque ele é muito sobre essa agudeza do olhar sobre o que é humano. Eu acho que é quase o gênero do afeto. A gente tá olhando pro mundo e falando “nossa, eu quero conversar com você, mundo, conversa comigo de volta.” Então internet, celular, Instagram, YouTube… são só mais um veículo. E informalidade na internet não existe mais, as pessoas estão gravando em estúdios com equipamentos incríveis, apesar de criar essa ilusão de “um cara gravando num quarto”. O que é muito engraçado porque, antes do fenômeno do YouTube, o 15 Minutos do Adnet era um cara num quarto, quase antecipou o que viria depois. E hoje, por mais que você tenha a ilusão de que o Whindersson Nunes tá ali falando pra você sem camisa, aquilo é uma puta produção. Ou você vê o cenário super despojado do Choque de Cultura (2016-; TV Quase) mas ao mesmo tempo com um texto muito sofisticado. Parece bobo, mas é muito sofisticado. Então eu não vejo diferença do disquinho do Ary Toledo pro Whindersson Nunes falando em uma plataforma online. Onde estiver espaço, o humor vai estar ocupando.