Em umas das cenas de Vazio do lado de fora (Eduardo Brandão Pinto, 2016), vemos um plano em que há o movimento das garras de um trator ao fundo, um senhora que sabemos que reza, um homem com o pé …
Categoria: 20ª Mostra de Tiradentes
“Corpo delito” e a liberdade apesar das grades
“Para saltar de páraquedas, teria que ser de um prédio mais alto”. A frase que encerra Corpo delito (2017), em um diálogo entre os dois personagens principais, parece metaforizar os sentidos de liberdade e reinserção social abordados pelo filme. E, …
Amar não é um gesto leviano ou carta-resposta a Marcelo Ikeda
Para mim a perda política é antes de tudo a perda de si, a perda de sua cólera assim como a de sua doçura, a perda de seu ódio, de sua faculdade de odiar assim como a de sua faculdade …
“Subybaya” e a autossuficiência no cinema
“Somos hoje uma indústria sem chaminés, embora se fume muitos charutos”. (Jairo Ferreira). Construir um filme que se pretende contestador e autossuficiente é assumir para si o conservadorismo do mundo. No regime de imagens e política contemporânea, a lógica é …
Caminhar, persistir, acreditar: “A canção do asfalto”, “Restos”, “Estado itinerante” e a opressão do urbano
Estar no espaço urbano é estar confinado – e estar em trânsito. Em A canção do asfalto (2016), de Pedro Giongo, Restos (2016), de Renato Gaiarsa e Estado itinerante (2016), de Ana Carolina Soares, o mundo das cidades oprime, ao …
“Um filme de cinema” e a realidade fabulada
O cinema surge como escrita da luz. Nasce pendular entre dois movimentos: o avançar das descobertas óticas e a vontade de fazer ver a partir de invenções. Do gesto dos irmãos Lumière em registrar planos fixos e, por meio disso, …
A delicadeza da terra, a descoberta do mar: “Homem-peixe” e a invenção do mundo
“E o cinema, vejo muito bem porque o adotei: para que ele me adotasse de volta. Para que ele me ensinasse a perceber, incansavelmente pelo olhar, a que distância de mim começa o outro”. Serge Daney “Perto de muita água, …
O risco do voyeur em “Baronesa”
A política advém quando aqueles que “não têm” tempo tomam esse tempo necessário para se colocar como habitantes de um espaço comum e para demonstrar que sim, suas bocas emitem uma palavra que enuncia algo do comum e não apenas …
“Mulher do pai” e a vida em espera
O vento varria as folhas, O vento varria os frutos, O vento varria as flores… E a minha vida ficava Cada vez mais cheia De frutos, de flores, de folhas. O vento varria as luzes, O vento varria as músicas, …
É preciso contestar: a arrogância de “Os Incontestáveis”
Até onde podemos ver o cinema a partir de uma discussão de gênero e respeito às mulheres? É possível nos defendermos por detrás da narrativa do gênero cinematográfico, do argumento como elementos que justifiquem a representação do outro de forma …
“Antes do fim”, dancemos ao vento
“A imensa máquina da medicina (hospitais, laboratórios, farmácias, médicos, inseguro saúde, aparelhos de diagnósticos por imagem etc, e mais cosméticos, alimentação…) produz a nossa longevidade. Somos um produto dessa indústria. Produto e fonte de riqueza. A máquina precisa manter nossa …
O cinema que se impõe: “Divinas Divas” e o espetáculo que não vê
“Hoje, o problema do documentário não é colocar em cena aqueles que filmamos, mas deixar aparecer a mise-en-scène deles. A mise-en-scène é um fato compartilhado, uma relação, algo que se faz junto, e não apenas por um, o cineasta, contra …
À resistência pela terra sagrada, a memória contra o martírio provocado pelos brancos
Em um contexto político contemporâneo tenebroso, o 49º Festival de Brasilia do Cinema Brasileiro instaurou, ainda que circunscrita, uma instância acolhedora – e propulsora – de protestos e contestações ao cenário da realidade brasileira atual. Em diversas sessões, o público …
Nossa sorte, a escolha pela ingestão das borboletas
Em uma advertência na abertura de uma das suas obras mais célebres, Cineastas e imagens do povo, na edição antiga da Editora Brasiliense, Jean-Claude Bernardet afirma: “Para que o povo esteja presente nas telas, não basta que ele exista: é …
Luzes da cidade onde (não) se envelhece
“Belo Horizonte A cidade em que se nasce não é sempre a cidade em que se nasce. Às vezes é preciso partir, com os olhos descalços e o coração ignorado, em busca de nascimento – os lugares são tantos e …