A máquina não é uma coisa a ser animada, idolatrada e dominada. A máquina coincide conosco, com nossos processos; ela é um aspecto de nossa corporificação. Podemos ser responsáveis pelas máquinas; elas não nos dominam ou nos ameaçam. Nós somos …
Categoria: Coberturas de festivais
Punk não morreu, apenas envelheceu – notas para Not Dead
Uma versão rascunhada deste texto foi lida na Mostra de Cinema de Tiradentes, em 26 de janeiro de 2024, durante o debate sobre o longa Not Dead, do qual participei como crítica convidada, representando a Revista Moventes. Inspirada na canção-manifesto …
Dois alguéns apaixonados
Uma vez apresentado o título do filme O dia que te conheci (direção: André Novais Oliveira, 2023) e o protagonista Zeca, passamos a nos perguntar: quem será que ele vai conhecer? A passageira do primeiro buzu que ele pega para …
O inferno são os outros
A premissa é a seguinte: uma protagonista mulher ou LGBTQIAPN+ habita um universo opressor e patriarcal. Apesar de sua inocência, essa mocinha sem defeitos precisa enfrentar vilões cruéis e acaba descobrindo que só conseguirá sobreviver com o mínimo de dignidade …
“No céu da pátria nesse instante” – entrevista com Sandra Kogut e Henrique Landulfo
Durante o ano de 2022 e início de 2023, a cineasta Sandra Kogut e sua equipe acompanharam dezenas de brasileires com variadas orientações políticas e de diferentes regiões do país para produzir um documentário sobre as eleições. Nesse período, foram …
O Evangelho segundo Luís Capucho, ou Sete Mergulhos para um Peixe Abissal
*Uma versão rascunhada deste texto foi lida na Mostra de Cinema de Tiradentes, em 26 de janeiro de 2023, durante o debate sobre o filme Peixe Abissal (2023), de Rafael Saar, do qual participei como crítico convidado, representando a Revista …
Para Onde Voa a Instrumentalização da Diversidade?
“Na cultura da diversidade, múltiplas identidades (e as histórias e lutas que elas invocam) são discutidas, representadas e celebradas, mas também são administradas, mercantilizadas e reduzidas a estereótipos fáceis de entender” (WARD, 2008, p. 29). Para Onde Voam as Feiticeiras …
Os últimos românticos de Tiradentes – Notas sobre os curtas “Looping”, “Os últimos românticos do mundo” e “Babi & Elvis”
É urgente o amor. É urgente um barco no mar. É urgente destruir certas palavras, ódio, solidão e crueldade, alguns lamentos, muitas espadas. (Eugénio de Andrade)¹ Como nos enganamos fugindo ao amor! (Carlos Drummond de Andrade)² Passada a Mostra …
Entrevista com as vampiras – um bate-papo monstruoso com a equipe de “Canto dos Ossos”
Vencedor do prêmio do júri na Mostra Aurora da 23ª da Mostra de Cinema de Tiradentes, Canto dos Ossos (dirigido por Jorge Polo e Petrus de Bairros, 2020) possui peculiaridades que apontam para a diversidade da mostra competitiva neste ano. …
Ressignificar o fracasso – um almoço com a equipe de “Ontem havia coisas estranhas no céu”
No dia 29 de janeiro, após o debate no contexto da 23ª Mostra de Tiradentes, acompanhamos a equipe do longa Ontem havia coisas estranhas no céu pelas ruas molhadas da cidade histórica, em busca de algum restaurante que servisse nhoque …
O cotidiano abduzido de “Ontem havia coisas estranhas no céu”
Há algo de profundamente ridículo e patético em uma filmagem de cinema. (Pedro Costa)¹ Um plano que condensa grande parte das tensões de Ontem havia coisas estranhas no céu (Bruno Risas, 2020) aparece no final do segundo terço do filme. …
“Os Escravos de Jó”, um filme de discursos ou Carta aos patriarcas
Aqui quem escreve é um “neto”. Escrevo depois de viver uma experiência constrangedora em uma sala de cinema e de conversar com colegas de minha geração sobre o ocorrido, todos perplexos. Pergunto-me o que o senhor Antônio Pitanga, homenageado pela …
O que se passou depois do naufrágio (ou sobre a melancolia de esquerda em “Seus Ossos e Seus Olhos”)
Uma das imagens a que Enzo Traverso remete para pensar o que seria uma “melancolia de esquerda” é a metáfora do naufrágio, utilizada por Hans Blumenberg em um famoso ensaio. Blumenberg parte da descrição de um naufrágio no segundo livro …
The rectum is (not) a grave (or the proctopornographic mystique in “The Blue Flower of Novalis”)
First of all: the asshole. This is how “The Blue Flower of Novalis” (“A Rosa Azul de Novalis”), by Gustavo Vinagre and Rodrigo Carneiro, begins: with a close-up of Marcelo Diorio’s ass performing slight spasms. The next shot reveals the …
Quando o corpo é um arquivo (ou notas sobre alguns curtas LGBT+ exibidos na 22ª Mostra de Tiradentes)
Quais seriam os pontos de contato entre arquivo e cinema? O arquivo, enquanto instituição, pode ser descrito como um espaço físico no qual certo entendimento coletivo de história se manifesta, legitimando a existência de culturas, práticas e povos. A escolha …
“Temporada” e as múltiplas possibilidades de uma visita
Como inventar o que se recorda partir da fragmentação do presente? Em Temporada (2018), de André Novais Oliveira, a protagonista Juliana (Grace Passô) sai para comprar um armário para colocar no barracão onde mora sozinha. No topa-tudo que visita, do …
O ânus (não) é um túmulo (ou a mística proctopornográfica em “A Rosa Azul de Novalis”)
Antes de mais nada: o cu. É assim que começa A Rosa Azul de Novalis, de Gustavo Vinagre e Rodrigo Carneiro: com um close-up do cu de Marcelo Diorio performando leves espasmos. O plano seguinte revela o protagonista em uma …
“Imo” e os caminhos de interpretação: um debate aberto
Fazer um filme é uma experiência intensa. Discutir o filme, por sua vez, é uma experiência imprevisível. Fico imensamente satisfeita pelo debate resultante do filme que dirigi e apresentei na última Mostra de Cinema de Tiradentes, Imo. Tal debate perpassou …
O imo, a imobilidade: repensando um cinema “feminino” a partir do filme de Bruna Schelb
Será que qualquer simbolismo nos serve politicamente? Será mesmo potente e questionador falar a partir de metáforas que pressupõem uma experiência de feminino universal? Mais que tudo, foram essas as questões que nos animaram a partir de Imo, longa de …
O atrack de Mademoiselle Leona
“Sou Ângela Carne e Osso, a ultra-poderosa inimiga número 1 dos homens.” (Ângela Carne e Osso)¹ “Até o próximo crime!” (Carmen Sandiego)² “Sou aliada de Saddam Hussein. Já matei mais de cem.” (Leona Vingativa) Leona Vingativa apresenta-se, em sua página …