O que pode ser uma conversa entre realizador e a pessoa filmada em um documentário? Em Filme para poeta Cego (Gustavo Vinagre, 2012), após um aviso de uma voz que o filme terá áudio descrição, o diretor aparece conversando com …
Categoria: Coberturas de festivais
“Vivo olhando” – a contemporaneidade póstuma de Alair e Tio Luiz
A imagem do corpo masculino, jovem e belo quase que me sufocava. (Alair Gomes) Os curtas-metragens cariocas Inocentes (Douglas Soares, 2017) e Inconfissões (Ana Galizia, 2017), exibidos da 21ª Mostra de Cinema de Tiradentes, resgatam a obra fotográfica de dois artistas …
Antes de morrermos, o cinema ainda: sobre “Mamata” e “Impeachment”
Em um mundo distópico, o que pode o cinema? A necessidade e a urgência são argumentos apresentados para justificar a realização de vários filmes brasileiros recentes. O ímpeto de produzir filmes é acompanhado pela possibilidade de denúncia, o caráter indicial …
Além do vísivel: “O olho e o espírito” e “Imo”
“O olho realiza o prodígio de abrir à alma aquilo que não é alma, o bem-aventurado domínio das coisas, e seu deus, o sol”. O olho e o espírito – Merleau Ponty Uma cidade, uma paisagem e uma mulher estão prestes …
Notas sobre a paixão em “Madrigal para um poeta vivo”
Como o cinema se diferencia e se aproxima de outros regimes de imagem? O que é o cinematográfico e quais são os elementos de linguagem que o constroem? Como o encontro com um outro que amamos quando mediado pelo cinema …
Variações do político: sobre “Nada”, “Registro”, “O golpe em 50 cortes ou a corte em 50 golpes” e “Vaca profana”
O que há de político no cotidiano? Quais são as imagens que, juntas à vida diária, podem responder à densidade do que vivem as pessoas comuns e aos dilemas de pessoas que habitam lugares periféricos? O que pode o cinema …
Lado de dentro, lado de fora: Café com canela, a vida e a morte
Em uma das primeiras sequências de Café com canela (Ary Rosa e Glenda Nicácio, 2016), a câmera, em movimento panorâmico, mostra pés, punhos e partes do rosto de pessoas comuns. No contato com aqueles membros, não temos, a princípio, a …
A dificuldade do amor face ao progresso: História de Taipei
Balanço A pobreza do eu a opulência do mundo A opulência do eu a pobreza do mundo A pobreza de tudo a opulência de tudo A incerteza de tudo na certeza de nada. (Carlos Drummond de Andrade) Em História de …
“Vazio do lado de fora” e a impossibilidade do lugar qualquer
Em umas das cenas de Vazio do lado de fora (Eduardo Brandão Pinto, 2016), vemos um plano em que há o movimento das garras de um trator ao fundo, um senhora que sabemos que reza, um homem com o pé …
Do mal estar
Com o longa-metragem Bangkok Nites (2016), o diretor japonês Katsuya Tomita aparenta colocar seu pensamento cinematográfico em diálogo aberto com nomes chaves do cinema asiático contemporâneo dos anos 2000. É possível encontrar ressonâncias com cenas noturnas ao redor da mesa …
Das imagens que existem
Desde as manifestações de junho de 2013 no Brasil, multiplicaram-se imagens, tomadas pela vontade de estar perto dos acontecimentos e deixar o registro deles. Parte dessas imagens foram produzidas dentro de espaços legitimados, como os grandes veículos midiáticos, e outras …
O cinema pode realmente salvar?
Em Na missão, com Kadu (Aiano Bemfica, Kadu Freitas e Pedro Maia de Brito, 2016), vemos o protagonista caminhando na Linha Verde, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Ele anda com uma menina no colo, que o chama de tio. A menina …
Olhar o duplo
As Duas Irenes (2017), primeiro longa-metragem de Fábio Meira, é um filme atravessado pela noção de duplo. Ao lado de uma trama que desenvolve a relação entre duas garotas de 13 anos, batizadas com o mesmo nome e que descobrem …
Sonho, presente e deriva
Na primeira cena de Corpo Elétrico (2017), Elias está deitado na cama e, para um parceiro, conta sobre um sonho em que estava na praia à noite e, ao mergulhar sem roupa no mar, foi envolvido por uma onda inesperada. A narrativa …
“A vida e o cinema não podem ser separados” – entrevista com Anocha Suwichakornpong
A seguir, entrevista realizada com Anocha Suwichakornpong, homenageada pela mostra Foco do 6° Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba. Laís Ferreira: Em seus filmes, vemos, recorrentemente, cenas de trabalho no cotidiano. Em Estrangeiro, nós assistimos empregados em uma fábrica voltada para frutos …
Como estar próximo de quem amamos?
Ao realizarem um documentário em torno da vida e da obra do cineasta Luiz Rosemberg Filho, os diretores Cavi Borges e Christian Caselli optaram por escapar do modelo tradicional dos depoimentos e, ao mergulhar no universo cinematográfico do diretor retratado, …
Olhar para duas raridades
As exibições dos longas-metragens É um Caso de Polícia! (1959) e Um é Pouco, Dois é Bom (1970) possibilitaram aos espectadores da 12ª Cine OP – Mostra de Cinema de Ouro Preto conhecer dois títulos raros do cinema nacional, com …
Ceder ou resistir?
Em um primeiro olhar, parece ser curioso encontrar o último longa-metragem de Ana Carolina, A Primeira Missa ou Tristes Tropeços, Enganos e Urucum (2014), dentro da programação da mostra histórica da 12ª Cine OP – Mostra de Cinema de Ouro …
Invisibilidades de uma história a ser contada
Pensar um recorte da historiografia do cinema brasileiro a partir dos filmes dirigidos por mulheres é considerar a invisibilidade de boa parte desta produção. Não apenas pelo fato de que a circulação, a exibição e a pesquisa em torno da …
Não se filma impunemente
Como filmar o outro sem dominá-lo nem reduzi-lo? Como dar conta da força de um combate, de uma reivindicação de justiça e de dignidade, da riqueza de uma cultura, da singularidade de uma prática, sem caricaturá-las, sem traí-las com uma …