Autor: Camila Vieira
Do mal estar
Com o longa-metragem Bangkok Nites (2016), o diretor japonês Katsuya Tomita aparenta colocar seu pensamento cinematográfico em diálogo aberto com nomes chaves do cinema asiático contemporâneo dos anos 2000. É possível encontrar ressonâncias com cenas noturnas ao redor da mesa …
Das imagens que existem
Desde as manifestações de junho de 2013 no Brasil, multiplicaram-se imagens, tomadas pela vontade de estar perto dos acontecimentos e deixar o registro deles. Parte dessas imagens foram produzidas dentro de espaços legitimados, como os grandes veículos midiáticos, e outras …
O cinema pode realmente salvar?
Em Na missão, com Kadu (Aiano Bemfica, Kadu Freitas e Pedro Maia de Brito, 2016), vemos o protagonista caminhando na Linha Verde, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Ele anda com uma menina no colo, que o chama de tio. A menina …
Olhar o duplo
As Duas Irenes (2017), primeiro longa-metragem de Fábio Meira, é um filme atravessado pela noção de duplo. Ao lado de uma trama que desenvolve a relação entre duas garotas de 13 anos, batizadas com o mesmo nome e que descobrem …
Sonho, presente e deriva
Na primeira cena de Corpo Elétrico (2017), Elias está deitado na cama e, para um parceiro, conta sobre um sonho em que estava na praia à noite e, ao mergulhar sem roupa no mar, foi envolvido por uma onda inesperada. A narrativa …
Como estar próximo de quem amamos?
Ao realizarem um documentário em torno da vida e da obra do cineasta Luiz Rosemberg Filho, os diretores Cavi Borges e Christian Caselli optaram por escapar do modelo tradicional dos depoimentos e, ao mergulhar no universo cinematográfico do diretor retratado, …
Olhar para duas raridades
As exibições dos longas-metragens É um Caso de Polícia! (1959) e Um é Pouco, Dois é Bom (1970) possibilitaram aos espectadores da 12ª Cine OP – Mostra de Cinema de Ouro Preto conhecer dois títulos raros do cinema nacional, com …
Ceder ou resistir?
Em um primeiro olhar, parece ser curioso encontrar o último longa-metragem de Ana Carolina, A Primeira Missa ou Tristes Tropeços, Enganos e Urucum (2014), dentro da programação da mostra histórica da 12ª Cine OP – Mostra de Cinema de Ouro …
Invisibilidades de uma história a ser contada
Pensar um recorte da historiografia do cinema brasileiro a partir dos filmes dirigidos por mulheres é considerar a invisibilidade de boa parte desta produção. Não apenas pelo fato de que a circulação, a exibição e a pesquisa em torno da …
Não se filma impunemente
Como filmar o outro sem dominá-lo nem reduzi-lo? Como dar conta da força de um combate, de uma reivindicação de justiça e de dignidade, da riqueza de uma cultura, da singularidade de uma prática, sem caricaturá-las, sem traí-las com uma …
Amar não é um gesto leviano ou carta-resposta a Marcelo Ikeda
Para mim a perda política é antes de tudo a perda de si, a perda de sua cólera assim como a de sua doçura, a perda de seu ódio, de sua faculdade de odiar assim como a de sua faculdade …
“Subybaya” e a autossuficiência no cinema
“Somos hoje uma indústria sem chaminés, embora se fume muitos charutos”. (Jairo Ferreira). Construir um filme que se pretende contestador e autossuficiente é assumir para si o conservadorismo do mundo. No regime de imagens e política contemporânea, a lógica é …